segunda-feira, 23 de maio de 2011

Família: meu porto seguro!

Percebo a família com otimismo e preocupação, recusando a idéia de que está em crise, embora aceite que a família de hoje apresenta simultaneamente sinais positivos e negativos. Atravessando a história em contextos sociais, econômicos e culturais tão diversos, a família chega até nós com uma extraordinária resistência, fazendo prova da sua força e razão de ser. Comunidade natural por excelência, dentro da comunidade social que também constrói, a família está na gênese da sociedade, na base da sua existência, na fonte da sua continuidade. Existe hoje uma consciência mais perfeita do sentido de família. Partindo da dignidade essencial da pessoa e da liberdade, foi-se construindo a idéia irreversível de igualdade entre o homem e a mulher, da qualidade da relação interpessoal, da intimidade conjugal, do sentido de colaboração e partilha do cotidiano, da sexualidade feliz, da procriação responsável, da educação dos filhos, de uma informalidade na aproximação entre todos.Os tantos sinais negativos vêm das dificuldades de uma sociedade individualista, que se organiza a volta do efêmero, do consumo e do imediatismo, com perda de valores, em crise de espiritualidade, descrente do compromisso e da força do amor, do sentido do bem comum, sem tempo para parar, olhar, contemplar, conviver, refletir, avaliar e amar incondicionalmente.São muitos os sinais positivos e negativos a gerar contradições, paradoxos e tensões vividas como sabemos no dia-a-dia das nossas famílias.Quando hoje falamos de família, pensamos na decisão tomada por um homem e uma mulher que um dia descobrem o amor e decidem comprometer as suas vidas num destino comum. É o amor que conduz a uma vida a dois, ao desejo de estabilidade.Amor que é família quer ser fecundo, contém desejo de fertilidade e desejo de criança, de respeitá-las, de protegê-las, de amá-las.Por isso o casal recria a sua vida e dá continuidade a si mesmo e ao amor nos filhos que chama à vida.Sempre que falamos de família, falamos de uma realidade que nos toca intimamente, podemos dizer nas nossas entranhas, porque não?  É nela que nascemos, nos tocamos, crescemos, convivemos, habitamos, que nos habita, onde nos fazemos gente, nos tornamos homens e mulheres, de onde partimos, aonde chegamos.Ao falarmos de família, falamos de nós mesmos, dos nossos valores, da nossa moral, dos nossos sentimentos, enfim dos nossos amores...Até onde vão as nossas lembranças, não é a nós que chegamos, mas à nossa família...Família, rede de relações fortes e íntimas, sentimento de pertença, de aliança, de filiação, de fraternidade, que toca a nossa afetividade mais profunda, a relação com a nossa origem, o nosso crescimento, a nossa morte. Na família fazemos prova da nossa existência, como algo recebido, dependente, solidário.Nunca ninguém até hoje, conseguiu nascer sozinho...Habitamos um lugar em conjunto, e ali dormimos, ali comemos, ali comunicamos, ali crescemos. Ser família é viver o quotidiano, a continuidade, a repetição dos dias e das tarefas, a alegria, a festa, mas também a dor e o sofrimento, o inesperado. A família é a caixa de ressonância da vida e da sua evolução.Na atualidade esta foi designada como unidade de vida, de afeto, de fecundidade, unidade social, econômica, educativa.Todas estas dimensões fazem-nos olhar a família de hoje, como protagonista essencial da evolução da sociedade.Os critérios pelos quais se decide a política, se pensa a economia, se constrói a cidade, se orienta a escola, se organiza a saúde, se concilia o trabalho e o tempo livre têm de ser critérios que ponham as famílias no centro das preocupações e as ajudem a desenvolver a suas múltiplas competências.Família protagonista e impulsionadora da sociedade: no sentido da modernização, da justiça, da paz, da humanização, do equilíbrio da cultura, da solidariedade, da dignidade humana, do amor para a vida, da família para a felicidade de todos nós.           Renate Maria Junges Abelin                                     

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